teoria científica – Etologia e Sociobiologia

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Tag: teoria científica

09mar

A teoria da evolução não passa de uma teoria

Só acontece de, em termos científicos, isso ser uma coisa boa.

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Segundo um artigo recentemente publicado na Science, abelhas mamangava (Bombus terrestris) propositalmente danificam folhas de plantas ainda sem flores para antecipar a produção floral e terem pólen mais rápido.[1]

Para comprovar que elas podiam acelerar a floração, evidenciar que fazem isso porque querem e descartar ser um instinto específico a plantas específicas, os pesquisadores pegaram duas espécies diferentes de plantas e compararam o tempo de floração diante de dois estímulos.

Um estímulo estava em deixar que as abelhas danificassem as plantas elas mesmas, enquanto outro estímulo era de imitar isso e danificar as plantas com ferramentas humanas. Os pesquisadores também deixaram plantas em condição de controle (sem dano/estímulo) para comparar a diferença.

As plantas danificadas pelas abelhas deram flores cerca de 20 dias mais cedo do que as plantas danificadas por ferramentas e 30 dias mais cedo do que as plantas não danificadas. Eles atestaram também que as abelhas só fazem isso se não encontram plantas floridas por perto e, mais importante, apenas se a colmeia tem urgência de pólen.

Além de demonstrar a inteligência e a flexibilidade cognitiva desses insetos, o achado aponta que, longe de serem passivos à seleção natural, os animais deliberadamente facilitam a própria sobrevivência, a sobrevivência de seu grupo e de seus descendentes modificando intencionalmente o ambiente.

Esses achados favorecem a teoria evolutiva que contesta a seleção natural tradicional, a teoria da construção de nicho.[2, 3] Um dos motivos levantados para a necessidade da modificação feita pelas abelhas foi o aquecimento global, que estaria forçando uma assimetria entre o momento de colheita de pólen e a época de floração das plantas.

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Após a ejaculação, em pelo menos 273 espécies de borboletas os machos excretam um tampão ceroso pré-moldado de seus intrincados dutos abdominais diretamente na fêmea. O tampão é acoplado e endurecido no trato reprodutivo feminino, onde bloqueia o orifício pelo qual a fêmea faz sexo, mas não o orifício que ela usa para depositar seus ovos.

"Tudo bem, mas qual a finalidade disso?", alguém perguntaria. A resposta é simples: impor a monogamia feminina. Uma vez que a borboleta fêmea fertiliza a maioria de seus óvulos com esperma de seu último parceiro, os machos têm o interesse de bloquear rivais. A estratégia visa assegurar que ela dará à luz filhotes de um macho e não de outro.

Mas a população feminina pode revidar evoluindo órgãos maiores ou mais complexos que são mais difíceis de tampar. Dado que os sexos estão sempre e às custas um do outro em corrida armamentista pelo aumento do sucesso reprodutivo, pode ser do interesse feminino manter um comportamento sexual promíscuo -- afinal, ao acasalar com mais de um macho, uma fêmea pode filtrar os espermatozoides de melhor qualidade, o que contribui para aumentar a diversidade genética da prole.

Um artigo liderado por uma pesquisadora brasileira faz uma extensa revisão da ocorrência, função, taxonomia e evolução desses tampões, que representam um tipo de conflito sexual.[1] É possível ver na imagem a diversidade de tampões em várias espécies diferentes.

O conflito sexual está presente em todos os organismos sexuados. Ele acontece pois os sexos têm estratégias conflitantes de aptidão ideal em relação à reprodução (a coerção e o canibalismo sexuais são outros exemplos, mas mais extremos). Na nossa própria espécie não usamos tampões cerosos, mas, devido à variabilidade cultural, usamos alianças, status de relacionamento, cintos de castidade, burcas e, como se não bastasse, temos a adaptação psicológica do ciúme.[2]

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Imagine o seguinte cenário. Um bando de búfalos se alimenta à beira de um rio e à espreita estão três crocodilos famintos. Imagine então que a reação de um dos búfalos, ao perceber a presença dos crocodilos, seja de se jogar no rio para garantir que, servindo a si mesmo como comida, o bando possa fugir em segurança. Também existe outra situação. Tente imaginar dois machos brigando por uma fêmea, onde um deles, por livre e espontânea vontade, resolve se render e deixar que o outro indivíduo reproduza em paz.

Qualquer um que tenha vivido tempo suficiente no planeta Terra sabe que essas situações não acontecem. Elas são, é claro, ridículas, e mesmo se acontecessem não poderiam se manter por seleção darwiniana — bandos de búfalos não são clones genéticos como colônias de formigas ou abelhas, o que quer dizer que um suicida não ganharia nada se sacrificando por indivíduos não aparentados, e machos que se rendessem morreriam sem deixar descendentes, levando consigo o comportamento de rendimento.

Apesar do raciocínio da "preservação" ou "perpetuação da espécie" estar baseado em uma premissa correta, aquela que assume que os indivíduos têm motivações inerentes em relação à sobrevivência e reprodução, esse modo de pensar não está certo. Os motivos datam, pelo menos, do século XIX. Leia o texto completo em: https://etosocio.com/comportamento-animal/especie/

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Na segunda imagem está a cena que você veria se pudesse entrar em uma máquina do tempo e ir direto para a pré-história da humanidade.

Estes são homens de uma população isolada da Nova Guiné fabricando um tipo de machado que será usado em suas rotinas de subsistência. A técnica dos estágios iniciais de produção (à esquerda da mesma imagem) data da cultura acheulense, inventada pelo Homo erectus, outra espécie humana, cerca de 2 milhões de anos atrás.[1, 2]

De origem vulcânica, a ferramenta começa como uma rocha simples, mas que cuja coleta demora quase três horas. Devido a ser também um indicativo de status (a atividade requer habilidade cognitiva e destreza física, dois fatores correlacionados ao sucesso reprodutivo), a manufatura e o uso são fenômenos majoritariamente masculinos.[3]

É claro que essas pessoas, os autodenominados Kim-Yal, não são realmente pré-históricos. No entanto, é devido ao seu isolamento em relação às organizações sociais mais complexas que eles e outras populações similares, por ainda conservarem muitos aspectos menos derivados de nosso comportamento e tecnologia, acabam sendo um caso oportuno para o estudo da evolução humana.

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